sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Os olhares tristes do Zoo

Lémures com frio, macacos irrequietos, araras incomodadas, um tigre entediado, um casuar agressivo. São estas e outras espécies de animais que estão isolados, fora do seu habitat natural. Animais com olhares tristes que enfrentam condições climatéricas diferentes, vegetação que lhes é desconhecida e um material que os separa da liberdade, uma rede de metal. 
Depois de ter sentido a liberdade que existe no Pantanal entristece-me ver estes animais isolados que passam o dia de um lado para o outro só para esticar os membros ou que simplesmente ficam enrolados uns nos outros de modo a combater o frio que não lhes é comum. 

O Jardim Zoológico tem (supostamente) o propósito de educar o público e preservar as espécies mas este acaba por ser um local onde as famílias levam as crianças a ver animais exóticos, procurando entretenimento e não conhecimento.
A grande maioria dos animais que aqui se encontram não estão ameaçados de extinção nem estão a ser preparados para serem libertos no seu habitat natural.

É possível salvar espécies de extinção se os seus habitats naturais forem preservados e se as comunidades locais forem consciencializadas. Incentivar e apoiar projectos de conservação que preservam habitats, resgatam e cuidam de animais exóticos em vez de os criar em cativeiro. 


                                                                  
                                                              Saguin-comum, originário do Brasil




     Lémure-de-cauda-anelada, originário de Madagáscar (macho agarrando a fêmea para proteger do frio que se fazia sentir)



           Bufo-real, presente na África, Europa e Ásia


Macaco-capuchinho, originário do Brasil


        Lémure, originário de Madagáscar


        Gibão-de-mãos-brancas, presente na Índia e Tailândia




       Lémure, originário de Madagáscar



        Macaco Colobus, originário de África



              Casal de Arara-vermelha, originária do Panamá, Paraguai e Argentina






          Canguru, animal-símbolo da Austrália 



       Zebra, originária de África




        Casuar-unicarúnculado, originário do Norte da Nova Guiné





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4 comentários:

  1. Cara Inês Marques,

    Em primeiro lugar queria dar-lhe os Parabéns pelas tuas fotos do Pantanal estão absolutamente fantásticas.
    Respondo neste post porque acho que precisas de conhecer uma realidade diferente daquela que falas sobre os Jardins Zoológicos.
    Quando se fala de animais ao cuidado o humano a tristeza é algo que não deve ser usado porque cientificamente o que pode ser usado para descrever a condição animal é o bem-estar. Portanto podemos dizer que estão bem ou não, e para fazer essa afirmação é necessário fazer investigação de comportamento e/ou ver índices de reprodução.
    Outro reparo, se me permite, que lhe queria fazer, é que independentemente do que as pessoas procuram no Jardim Zoológico estes são locais privilegiados para aprender e ensinar, além disso permite a criação de laços emocionais com espécies ameaçadas que vai levar a motivações para a preservação da natureza. Ninguém se lembra quando viu um elefante pela primeira vez na televisão mas certamente se lembrarão da primeira vez viram um ao vivo.
    Além disso com a mudança de paradigma dos zoos modernos, e com a introdução do enriquecimento ambiental, que é o estímulo dos comportamentos naturais, cada vez mais as pessoas podem aprender como os animais são no habitat pela a observação dos mesmos em Zoos.
    Por outro lado com o aparecimento de instituições com a EAZA ou WAZA que ligam os zoos numa rede, faz com que exista uma grande partilha de informação e uma gestão das populações de forma organizada e orientada para o melhor de cada espécie. Os animais que existem nos zoos destas associações os animais não vêm da natureza, ou são trocados entre zoos ou já nasceram nos mesmo.
    Em relação ao estatuto de ameaça existem de facto muitos que não com um estatuto de elevada ameaça, mas devido ao que uma espécie (Humana) está a fazer às outras, tudo isto, infelizmente, muda muito rápido. São vários os exemplos de espécies que passam de um estatuto não ameaçado para um critico num curto espaço de tempo. Por outro lado, como um dos objectivos dos Zoos destas redes é fazer conservação de espécies e para isso, para além da educação, fazer reintroduções destes animais e para isso é preciso saber como cuidar deles e aumentar o conhecimento, antes de estarem no limbo da extinção.
    Ao contrário do que referiu animais que nascem em zoos podem ser perfeitamente reintroduzidos no habitat, bem perto de nós, o Jardim Zoológico, situado em Lisboa, já fez algumas reintroduções. Inclusivamente, se hoje em dia podemos ter Ádax, Addax nasomaculatus, no habitat natural é porque este e outros zoos o reintroduziram, porque foi uma espécie que esteve extinta e daí a importância de um Zoo, até porque houve vários anos que o Ádax esteve no zoo sem estar ameaçado. Hoje em dia, alguns zoos são como uma “arca de noé”, são arcas de vida que servem para de facto para conservar os animais.
    Claro que todos preferimos ver os animais no habitat, mas impossibilidade de todos os podermos ver no mesmo e mais importante na impossibilidade de alguns lá continuarem a existir porque o seu habitat estar a ser destruído tem que ser tomadas medidas para isso acontecer. Tal como referiu podem ser tomadas no habitat, e nestas os zoos também participam com campanhas que são lançadas internacionalmente, que sustentam monetariamente e educacionalmente projectos in-situ. (http://www.eaza.net/campaigns/factsheets/madagascar0610.pdf )
    Para além do que está ai descrito foi feita educação com as populações locais e inclusivamente criado um festival do Lémure para uma celebração pelo facto de este fantástico animal existir naquela ilha. (continua)

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  2. (Continuação)
    Mais ainda, na mata atlântica, também no Brasil tal como o Pantanal, hoje em dia ainda existe Mico-leão-dourado porque foi reintroduzido pelos zoos, quer do ponto de vista da ida dos animais do zoo para o habitat, quer do ponto de vista financeiro, 2/3 dos indivíduos das populações actuais são fruto de reintroduções e são provenientes de animais nascidos ao cuidado humano. Pode consultar, http://www.micoleao.org.br é um dos projectos que os Zoos apoiam.
    Portanto quando descreve a forma como é possível salvar espécies da extinção , descreveu tudo aquilo que é feito por alguns Zoos, sendo que nestes espaços ainda se pode fazer mais.
    Para terminar queria responder ao que pergunta: “Já pensou o que acontece aos animais que crescem no Zoo? “
    R: Sim, fazem com que as pessoas se tornem emocionalmente envolvidas com a conservação, permitem uma aprendizagem mais efetiva sobre conhecimentos científicos, permitem investigação científica e por último nascem e crescem para poder dar continuidade a sua espécie e mais tarde poderem ser reintroduzidos.
    Desejo-lhe as melhores felicidades espero que tenha sido útil a informação e espero que os animais continuem a ser preservados pelos zoos, para poder continuar a tirar excelentes fotos como as que tirou no pantanal, porque fotos como essas também educam e motivam a mudança de comportamentos.

    “No final só vamos conservar aquilo que amarmos,
    só vamos amar aquilo que compreendermos,
    e só vamos compreender aquilo que nos ensinaram ”
    Baba Dioum, Conservacionista Senegalês

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    1. Boa noite Tiago,
      no momento que fiz este post tinha regressado de três meses de vivência no Pantanal e ainda era fascinante presenciar espécies a viver livremente no seu habitat natural. Aquando da minha visita a este zoo, foi notável a minha insatisfação das condições penosas em que estes animais vivem. Muitas das espécies que observara no Pantanal estavam ali rodeados de grades e cimento. De facto foi um grande erro da minha parte a maneira como abordei o assunto, visto que generalizei os Jardins Zoológicos quando queria apenas referir-me particularmente a este pequeno zoo. Não era de todo minha intenção criticar projectos e instituições que visam a conservação de espécies, muito pelo contrário, estes são óptimas “ferramentas” de educação e sensibilização ambiental.
      A minha revolta foi apenas dirigida a este zoo pois não possuía condições minimamente aceitáveis para algumas espécies, bem como placas identificativas e explicativas da origem e características da espécie.
      Muito obrigada pela sua opinião Tiago, grata por gostar das minhas fotografias.

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  3. Bom dia Inês,

    Queria apenas deixar aqui com uma citação "Errar é humano, reconhecer o erro é caracter".
    Boa sorte e felicidades para ti!

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